Acredito que nascer deva ser a mesma coisa que morrer... E dependendo do preparo do espírito, nascer pode ser até mesmo mais traumático do que a própria morte.
Aliás, nascer é um trauma segundo Rank e Freud. O nascimento nos leva ao desamparo pelo resto da vida e a uma angústia essencial que nos acompanhará por toda nossa existência.
Acredito que por essa razão muitas pessoas não queiram comemorar o aniversário e a data seja um dia de reflexões entre pensamentos rasos e de alta complexidade, entre a dualidade do bem e do mal.
Já outras felicitam-se nas redes sociais com o amor e carinho que qualquer um gostaria de dar e receber, isso me intriga e penso se na realidade não estão tentando preencher esse vazio existencial que a dor do nascimento causa.
Alguns sites dizem que a circular de cordão no pescoço não tem nenhum risco, dizem até em 0% de riscos para o bebê, porém, o que dizer sobre eu mesma? Temos a compreensão de que se uma mãe faz o ultrassom e ali o médico alerta sobre a circular, não há motivos para pânico, pois o bebê não vai se enforcar dentro do útero materno. Os principais problemas podem ocorrer durante o trabalho de parto; existe a possibilidade de a criança ter problemas de oxigenação, o que pode acarretar lesões cerebrais, distúrbios de fala, perda de visão e da memória dentre outra sequelas. Segundo a literatura médica, não há evidência estatística que correlacione o cordão umbilical enrolado no pescoço a qualquer tipo de aumento nas taxas de mortalidade neonatal.
Intervenções médicas são necessárias se o cordão for muito curto, sendo assim, necessário o parto cesáreo.
Nasci há 43 anos atrás e apesar de já haver ultrassonografia não era algo como hoje em dia, então nasci de parto normal com duas circulares envoltas no meu pescoço. Tive falta de oxigenação e nasci com apgar 7 por conta da falta de oxigenação. Graças a Deus não tive sequelas de grande porte e pude ter uma vida normal dentro do distúrbio neurológico que apresentei aos 5 anos.
Na África o cordão umbilical é a representação da ligação da mãe com o filho e crianças que nascem com o cordão enrolado no pescoço devem se iniciar ao Orisa da criatividade e da paz, ao qual chamam de Obatala - rei do pano branco. Este tipo de criança passou por sérios apuros durante a gestação, e normalmente houve aborto no ciclo familiar. Esta criança também foi predestinada a ser um sacerdote de Ifá ou Orisa. No candomblé do Brasil, crianças que nascem com problemas com o cordão umbilical, deve-se arrumar Xangô e apresentar o cordão umbilical, pois o mesmo é o Kelê da vida! São crianças que contam com grande proteção do Vodum Dan Bessem, já que nasceram com o cordão umbilical enrolado no pesçoco.
Eu buscava uma explicação espiritual para tal fato uma vez que sou espírita e tenho uma existência carregada de traumas, medos e angústias. Tentava compreender e talvez saber se haveria alguma relação entre a circular e minha vida angustiante.
Sinceramente não sei se publicarei esse artigo. Escrever me faz bem, porém, algumas vezes escrevo tanto que ao ler sinto-me mal. Como tenho um complexo de culpa enorme dentro de mim tenho receio de publica-lo e assim sentir-me culpada.
Ao longo dos anos tenho tentado aproveitar o dia do meu nascimento, esse ano em especial tive um "inferno astral" tranquilo, houveram até momentos de grande inspiração e animação.
O fato central é a de que tenho hoje 43 aos e ainda sinto-me, em alguns momentos, uma criança frágil e desamparada.
Ao longo dos tempos venho tentando transformar cada vivência em degrau de evolução para meu espírito, porém, algumas vezes confesso ser muito complexo e implica fatores externos aos quais não tenho controle, aliás, não ter o controle das situações me causa pânico.
Como podem ver o dia do meu aniversário é complexo, cheio de transtornos e dúvidas. Posso lhes dizer que já foi pior, hoje consigo ter leveza, olhar para mim com amor e carinho e tentar aproveitar com alegria cada felicitação verdadeira que recebo.
Beijinhos e até a próxima!