A saudade tem tomado conta do meu coração...
Com as festividades natalinas se
aproximando, penso que a energia da Terra se modifica, pois as pessoas ficam
mais sensíveis, menos egoístas e tendem a perdoar mais. Porém, alguns
sentimentos desconcertantes ousam invadir certos corações, fazendo com que o
individuo necessite esforçar-se mais para manter-se em harmonia e alinhamento
com os verdadeiros propósitos que a data nos traz. E um destes sou eu!
Lamentavelmente deixo-me contagiar por minhas próprias angústias, sou
prisioneira de mim mesma.
Desde que me casei, há treze anos,
alimento em meu coração o sentimento e a vontade de festejar por tudo.
Aniversários, Páscoa, Natal, Ano Novo, eu era a maior festeira que poderia
existir. Mas eram as comemorações de final de ano que me motivavam de uma forma
mágica, meu coração era tomado por uma imensa alegria e contentamento, a
vontade de reunir as famílias e festejar nossa saúde, perfeição e harmonia era
o que mais me fazia querer preparar a ceia, arrumar a casa e receber os
familiares.
Com o tempo a família foi aumentando,
novas vidas chegavam a nossas vidas e acrescentavam ainda mais brilho ao meu
sentimento. Nada mais lindo do que comemorar a chegada de Jesus a Terra
festejando também nossas vidas, nossas uniões familiares entre filhos, pais,
companheiros, irmãos, irmãs, sobrinhos, avós, sogros!!!! Todos sempre estiveram
dentro do meu coração especialmente aquecidos por esse sentimento de união e
harmonia.
Mas a vida tem destas coisas
imprevisíveis... Existe algo além de nossas forças e de nosso controle que simplesmente
acontece e cabe a cada um de nós acatarmos e nos conformarmos. E aconteça o que
for o tempo jamais irá parar para que possamos recobrar a consciência,
inevitavelmente teremos que seguir em frente, seja lá como for, e passar por
todos os dias e dias seguidos, até que estejamos mais fortalecidos, maduros e
com as feridas cicatrizadas. Podemos nos recusar a viver o que a vida nos
impõe, mas o mundo continua girando, as coisas continuam acontecendo e os dias
passam... Chega um momento em que não há como recusar! O negócio é levantar a
cabeça, engolir o choro, respirar fundo e seguir em frente!
Entre um longo suspiro e outro
escrevo esse post. E o tempo continua passando...
Vou disfarçando daqui e dali, não
quero tocar no assunto, desvio as palavras, mas não há o que fazer e os
acontecimentos estão na nossa vida para que possamos amadurecer, evoluir!
E a saudade resolveu se instalar
permanentemente em meu coração...
Tenho saudades do tempo em que eu
era aquela festeira que enchia o coração de esperanças e boa vontade para
receber os familiares, daqueles tempos onde todos estavam presentes,
literalmente! Hoje alguns se foram, outros estão aqui mas negam-se a se fazerem
presentes, seja comparecendo ou seja participando com sorrisos e bom
ânimo.
As festividades natalinas trazem
para minha lembrança as ceias cheias de bossa que fazia, os sorrisos ou a
timidez de cada um que se entregava aos ares esperançosos e de alegrias que eu
harmonizava em minha casa com tanto carinho e com tanto esforço! Agradeço por
ter vivido tudo isto, guardo com carinho cada uma destas doces lembranças. E
hoje?
Hoje eu procuro buscar esse
sentimento que me motivava a festejar tão profundamente... Procuro não colocar
nos outros as expectativas para que eu encontre isto, busco dentro de mim, com
minha crença e fé em Deus, depositando em Jesus o real significado de festejar
o Natal!
Confesso que para mim, este ano não
está sendo fácil, pois depois de longos anos comemorando com todos os
familiares juntos, irei festejar o Natal com meus filhos e meu marido. Pode
soar estranho, muitas mulheres talvez condenem e reprovem meu sentimento, pois
o que mais desejam é estar longe dos familiares e de todos os problemas que
causam quando se reúnem... (risos seguidos de suspiros!) Mas eu não sou normal!
(mais risos)
Gosto mesmo é da casa cheia, de
barulho de criança gritando, chorando e logo depois sorrindo, brincando e
correndo, aprecio uma boa conversa entre irmãos e os abraços afetuosos de pais
e sogros...Pois é, não tenho mais minha sogra! Pelo menos não aqui, todos os
dias, como antes era e este é um dos impositivos da vida que por algum tempo e
ainda de vez em quando, me recuso a aceitar, mas como disse antes, respira
fundo e vai, porque o tempo não para e os que aqui ficaram precisam muito de mim
e eu deles e é nisso que me apego!
Porém, o inevitável acontece e
aqueles sentimentos desconcertantes que disse no início do post invadem o meu
ser fazendo com que a saudade tome conta de todo o meu coração. A saudade de
quando me casei e tão amorosamente minha sogra se fez presente na minha vida,
saudades de quando meus filhos nasceram e ela carinhosamente me passava suas
experiências, saudades do tempo em que éramos vizinhas e todos os dias nos
víamos, saudades dos Natais, dos aniversários, dos finais de semana no rancho,
saudades de quando ficávamos tempos e tempos a nos falar pelo telefone,
saudades das sopas, da torta, saudades dos cafés, saudades de quando ela estava
aqui, simplesmente aqui!
Decidimos passar o Natal apenas nós
este ano para podermos respirar, para recobrarmos as forças, precisamos pensar
um pouco mais em nós. Fazer uma comemoração destas com as famílias juntas,
todos juntos, não é fácil, há sim as pequenas rusgas, um daqui e outro dali e
alguém no meio conduzindo as coisas e arrefecendo os sentimentos, acalmando e
apaziguando para que a harmonia se faça sempre presente. Eu era essa pessoa que
estava sempre no meio acalmando e agradando, ou pelo menos tentando agradar a
maioria. Isso cansa, muitas vezes falhamos, erramos e o desgaste é inevitável...
Pois eu preciso deste tempo! Preciso
curtir meus filhos de uma forma especial, me doar unicamente ao meu marido, aos
meus pequeninos que tão rapidamente estão crescendo.
Não está sendo fácil saber que não
farei a ceia, não receberei a todos, porém busco enxergar que estar em harmonia
com meus filhos e meu marido e vivenciar tudo que Deus nos proporciona tão
misericordiosamente é tão bom quanto fazer a ceia com todos juntos.
Aprendi que tudo tem dois prismas e
depende de como buscamos enxergar cada um deles, depende de nós, cabe a cada um
de nós vivermos da melhor maneira possível o que a vida nos oferece. Lamentar,
chorar, se revoltar de nada adiantará, apenas acarretará ainda mais desilusões,
sofrimentos. A revolta e a lamentação transformam os bons momentos de agora em
algo amargo e escuro, não nos deixam ver as oportunidades e as coisas boas que
acontecem hoje.
Vivamos um dia de cada vez,
procurando enxergar as dádivas de todos os momentos e as oportunidades de
sermos felizes sempre!